Representantes do OBHA e do Projeto Agroecologia para a Promoção da Saúde e a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional em Terreiros Religiosos de Matriz Africana, na RIDE – DF, participaram do 12° Congresso Brasileiro de Agroecologia

Evento aconteceu no Rio de Janeiro em cooperação com o Fiocruz Brasília e o curso de Agroecologia do Instituto Federal de Brasília (IFB de Planaltina)

Aconteceu, entre os dias 20 e 23 de novembro, o 12° Congresso Brasileiro de Agroecologia no Rio de Janeiro. Neste ano, o tema escolhido foi “Agroecologia na boca do povo.” O intuito do congresso foi de o dialogar acerca dos caminhos percorridos pela agroecologia, considerando que se trata de um campo científico em consolidação que assume um posicionamento crítico em relação às formas hegemônicas de produção do conhecimento forjadas pela modernidade e marcadas, de diferentes maneiras, por perspectivas eurocêntricas e colonizadoras.

Estiveram presentes os pesquisadores do Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares (OBHA) e os representantes do Projeto de Tecnologias Sociais em Agroecologia para a Promoção da Saúde e a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) em Terreiros Religiosos de Matriz Africana, que compartilharam as suas experiências em Agroecologia no Território da RIDE – DF.

Coordenadora Denise Oliveira na tenda da Saúde, Cuidado e Cura no 12°CBA

Para coordenadora do Programa Alimentação, Nutrição e Cultura da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira, a parceria entre a Fiocruz Brasília e o Instituto Federal de Brasília (IFB-Campus Planaltina) para o desenvolvimento do Projeto em Terreiros de Matriz Africana tem sido um momento especial e de dedicação aos temas que se alinham aos conceitos agroecológicos trabalhados pelo OBHA. Durante o congresso, a coordenadora também participou de uma roda de conversa na tenda da Saúde, Cuidado e Cura para falar sobre a importância de a agroecologia ser objeto dos projetos, pesquisas e estudos relacionados ao conhecimento dos hábitos alimentares da população brasileira. “Participar dessa troca de saberes no 12° CBA é alinhar o que o observatório vem produzindo. Os temas apontam processos que a gente pode fazer daqui a algum tempo para conhecer os hábitos alimentares da população brasileira,” ressaltou a coordenadora

Representantes do Projeto de Agroecologia para a Promoção da Saúde e SSAN em Terreiros Religiosos de Matriz Africana apresentaram trabalhos intitulados: “Percepções de Agroecólogos e de Comunidades de Terreiros de Matriz Africana sobre o plantio agroecológico no Distrito Federal” e a “Agroecologia, Patrimônio Cultural e Segurança Alimentar no Terreiro de Candomblé do Distrito Federal: o etno-desenvolvimento do inhame como alimento litúrgico”.

Igor Diógenes Bezerra – que apresentou o trabalho sobre Agroecologia, patrimônio cultural e segurança alimentar no terreiro de Candomblé do Distrito Federal: o etno-desenvolvimento do inhame como alimento litúrgico – trouxe a reflexão que a agroecologia acadêmica deve referenciar as comunidades e povos tradicionais que foram os responsáveis por desenvolverem técnicas milenares que são usadas até hoje dentro da agricultura agroecológica.

” Falar sobre o inhame para mim foi uma honra, pois dentro da minha religião é um alimento sagrado. Na cosmovisão, o inhame alimenta o orixá. Orixá comeu inhame quando esteve por aqui e come até hoje. Inhame alimenta o corpo e o espírito e, nessa oficina, plantamos diversos tipos de inhames. Esse alimento sagrado ancestral que veio de África para cá junto com nossos antepassados,” disse Igor. O estudante do IFB e integrante do Projeto ressaltou, também, a importância de eventos como esse para obter conhecimento sobre a agroecologia como uma agricultura que sabe conciliar o cuidado com a natureza, com a terra sem agredir o solo e trazendo saúde para todos.

Para Marcelo Rodrigues – integrante do terreiro Seara Espírita de Umbanda Ogum, Oxóssi e Xangô, localizado na Ceilândia/DF, e membro Projeto em Terreiros Religiosos de Matriz Africana na RIDE/DF- participar do 12° CBA foi uma grande descoberta ao perceber que a agroecologia é extensa por abranger várias questões, sendo elas: política e religiosa, além das quebras de barreiras como o preconceito. “Cada atividade que participei fiquei encantado! Uma das oficinas que mais me chamou atenção foi “Quintal da Vanessa” onde ela fala sobre plantações. Essa atividade vai contribuir muito para o nosso terreiro lá na Ceilândia, principalmente, para atividades que vamos desenvolver nos próximos dias. Nesse congresso, pude perceber como todos esses eixos se cruzam e que a agroecologia não é algo pequeno. Tudo que aprendi irei compartilhar com a minha mãe de santo, que abriu os caminhos para eu está aqui e com meus irmãos e irmãs de santo. Que possamos promover e ter sempre eventos como esse para que juntos possamos interagir e levar mais conhecimento e experiências para mais pessoas,” conta Marcelo.

O 12º CBA contou com a participação de mais de 7.500 pessoas e teve a participação de pastas como Desenvolvimento Agrário; Saúde; Ciência, Tecnologia e Inovação; Cultura; além de comunidades tradicionais, povos indígenas, agricultores e agricultoras de todo Brasil, e movimentos sociais do campo, das águas e das florestas. Também marcam presença autarquias como Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).